用葡萄牙语讲述历史22
Mudanças políticas.
Em 1844 caiu o Gabinete Conservador e, a partir daí, os liberais pernambucanos procuraram fortalecer-se, prevenindo-se para a hipótese de queda eventual do Gabinete de seu partido, o que constituiria uma rotina parlamentar. Iniciaram a distribuição de empregos a amigos e correligionários - uma prática política da época -, preparando-os para futura defesa de suas posições.
Em 31 de maio de 1848, nova mudança política ocorreu. A dissolução da Assembléia Geral e conseqüente subida dos conservadores ao poder, em 29 de setembro, produziu, no Partido Liberal pernambucano, reação semelhante à dos mineiros e paulistas em 1841. Os liberais pernambucanos decidiram preparar-se para o embate. Ademais, havia um certo mal-estar na Província, em conseqüência das más condições de vida e da propaganda livre de ideologias revolucionárias, que criava um clima de tensão.
O Presidente Herculano Ferreira Pena tentou acalmar e controlar a situação. Procurou fazê-lo mediante a demissão de autoridades policiais do interior, praticantes de abusos e desmandos, mas com isto acendeu-se o estopim da revolta.
Começa a revolta.
A 7 de novembro de 1848, os primeiros grupos armados de praieiros juntaram-se na localidade de Igaraçu e seguiram para Nazaré, bloqueando, desde logo, as comunicações de Recife com o interior da Província. Cerca de 300 a 400 guardas nacionais foram então preparados para a luta. Ao mesmo tempo os rebeldes difundiam violenta propaganda contra o Presidente da Província, objetivando conseguir a um só tempo o apoio da população e a desmoralização das autoridades. Firmino Antônio de Sousa, Chefe de Polícia, e o Capitão Isidoro da Rocha Brasil, com uma centena de praças, saíram ao encontro dos insurretos, mas, em face do efetivo e da técnica de guerrilha empregada pelos adversários, compreenderam a necessidade de apoio efetivo para enfrentar a situação. No dia 10 de novembro, o Coronel José Vicente Amorim Bezerra, com o 4° Batalhão de Artilharia a Pé, reforçado por policiais e 80 guardas nacionais, foi designado para empreender a ação contra os praieiros.
Embora os grupos inimigos, utilizando o fator surpresa, em operações limitadas, terem conseguido retardar as forças do Exército, estes lograram recalcar o adversário até a região do engenho Mussupinho, onde se travou violento combate, cabendo a vitória às forças legais.
Combate de Mussupinho.
Os revoltosos comandados pelo Coronel José Joaquim de Almeida Guedes haviam-se ocultado às margens da estrada para Mussupinho, em terreno elevado. O Coronel Amorim Bezerra narra o combate no relatório ao Presidente da Província:
"Tenho a honra de comunicar a V. Excia. que a força de meu comando obteve hoje o mais completo triunfo do lugar Mussupinho (engenho deste nome) aonde constando-me, esta manhã que se achavam reunidos os revoltosos, me apressei a atacá-los.
"O inimigo achava-se colocado em posições vantajosas, algumas das quais eram sobranceiras ao meu campo e além disto estava protegido por guerrilhas entrincheiradas. Não obstante, engajei-o no combate que foi renhido e sanguinolento. Três horas, porém, depois de haver ele durado, apossei-me do campo inimigo, desalojando os revoltosos de suas posições defensivas e levando-os em completa debandada até uma vasta distância do acampamento.
"Apossando do campo fiz desarmar os prisioneiros e não continuei mandar a perseguir os fugitivos, porque, estando já fora de combate o clarim de cavalaria, não podia por este motivo fazer os toques precisos, para que a cavalaria carregasse. Porém mandei logo em seguimento a infantaria, e os revoltosos correram em completa derrota, apresentando-se alguns.
"A perda do inimigo foi considerável: 15 mortos, (...) uma grande parte de feridos, ficando em nosso poder 56 prisioneiros e como despojos grande poção de armamento e cartuchame, três barris de pólvora, uma corneta e muitas pedras de ferir.
"Nossa perda foi menor pois que só temos a deplorar a morte de 10 bravos e o ferimento de poucos.
Era 14 de novembro de 1848: a primeira vitória dos legalistas sobre os revoltosos.
Rearticulação dos rebeldes.